14 de março de 2014

Fotografia, onde termina a técnica e começa a arte?

Por: Germano Schüür (Fotógrafo)

Entendo que a técnica em fotografia é um meio para chegar a um fim. Este fim, sem dúvida, é a produção da fotografia, considerada por alguns como a manifestação mais democrática da arte. Como em qualquer forma de expressão artística, seja na literatura, na música ou nas artes plásticas, procuramos comunicar o que sentimos através de diferentes técnicas, específicas para cada proposta, sem, entretanto, deixar que as mesmas prevaleçam e ofusquem a mensagem da obra. Aqueles que encontram na fotografia apenas o resultado do desenvolvimento tecnológico dos equipamentos electrónicos, ópticos e químicos utilizados para a produção da fotografia, estão muito longe de entender o verdadeiro significado da arte fotográfica. Fotografia é a utilização de determinadas técnicas para codificar em imagem o mundo pessoal daquele que fotografa. E a foto-arte exprime justamente isto, o sentimento do fotógrafo sobre as pessoas, a natureza e o mundo que o cerca. O equipamento básico do fotógrafo é a câmara que, por mais sofisticada que seja, simplesmente regista a luz que atravessa a objectiva no momento em que o disparador é accionado. Entretanto, é o fotógrafo que opta e selecciona o objecto e o conjunto de luzes que deverão ser fixados pela sua máquina. Assim, a maioria das obras famosas e de primor artístico são fotos que testemunham a postura e a personalidade artística do fotógrafo frente à vida e não apenas o seu domínio e o seu conhecimento sobre os elementos técnicos da fotografia. Para tirar uma boa fotografia, em primeiro lugar é essencial sentir a emoção de viver e ter a criatividade de procurar todos os melhores recursos técnicos para poder registá-la. Quem sabe diríamos que a hora mais inadequada para fotografar é ao meio-dia, quando o sol alcançou o seu ponto mais alto, produzindo sombras muito contrastantes e nem sempre agradáveis em fotografias de ambientes ou pessoas. Durante o dia, a luz do sol vai mudando de direcção, altura, cor e qualidade, modificando o aspecto de uma paisagem. Assim, no alvorecer, os primeiros raios de luz criam um conjunto de tons pastéis que ficam suavizados pela bruma característica deste horário. É um bom momento para se tentar explorar este tipo de iluminação. Por outro lado, no fim da tarde, quando o sol cai no horizonte e começa o crepúsculo, o céu se transforma, com tons cor-de-rosa, produzindo uma iluminação lateral que evidencia a textura e o relevo de uma paisagem além de proporcionar, sucessivamente, cores mais quentes - amarelada, dourada e avermelhada, até acontecer o ocaso. Durante estes poucos minutos a paisagem altera-se sem cessar, proporcionando um sem número de possibilidades de se fazer uma boa fotografia. A fotografia é para mim uma forma de vivermos e registarmos o nosso tempo, as suas belezas e contradições, com a pretensão de sermos um pouco, ou bastante, artistas. Por isso, não vamos tirar o lugar a ninguém. Não é necessário que se tenha um equipamento sofisticado: máquina e acessórios das melhores marcas. Nada disso importa! Mas precisa ter a paixão. E o "vírus da fotografia".

Sintra, Paulo Luís Photography

10 de março de 2014

A Minha história com a fotografia



Lembro como se fosse hoje quando tirei a minha primeira fotografia. Foi com uma máquina analógica de uma tia, que era o básico "olhar no buraquinho, centralizar e apertar no botão" e pronto, a gente só via a fotografia quando revelava. Lembro também que a foto não ficou tão má quanto eu imaginava, claro, um pouco sem ângulo, mas consegui capturar a cena. (risos) Depois disso, eu ficava sempre encantada com as fotos de família, aquele momento ali eternizado, congelado e que a gente podia rever a qualquer instante, matar a saudade e dar boas risadas. Foi ali que o sonho de ter uma camera começou, mas eu sabia que era algo fora do meu alcance no momento. Não lembro bem a idade que eu tinha, mas lá pelos meus seis anos, eu ganhei um walkman e como toda criança eu fiquei toda babada com o presente. Agora vocês devem estar a pensar "o que um aparelho de música tem haver com fotografia?" Pois bem, depois de um tempo o velho walkman tornou-se a minha primeira máquina fotográfica. Como eu sou filha única, eu praticamente brinquei sozinha a minha infância toda. Tive uma casinha, como todas as menina têm. Tive também os meus filhos, o meu marido, os meus amigos, tudo invisivelmente, mas com traços fortes na minha imaginação que eu lembro até hoje. Como tudo parecia um pouco irreal, como a velha calculadora era o meu computador, por quê não tornar o velho walkman em máquina fotográfica? E foi assim que eu brinquei boa parte da minha infância, fotografando algo que nunca ninguém iria ver! Como eu queria que cada clique tivesse sido registado, para hoje vocês verem até onde a imaginação de uma criança pode ir e para eu mesma ter as fotografias que ficaram apenas na minha memória. O tempo passou, mas a vontade de ter uma camera real não. Mudei de cidade, consegui o meu primeiro emprego e com isso a realização do meu sonho estava quase perto. Economizei cada centavo e finalmente em 2006 eu consegui comprar a minha primeira máquina, que até hoje funciona, mas que agora está num lugar especial na minha estante. Algo que eu não me irei desfazer, pois sempre que olho para ela eu percebo que é possível ter tudo que se quer, por mais que seja tão simples. Com essa camera, tirei diversas fotos e a minha paixão pela fotografia só crescia e com isso o tempo passou e eu queria algo melhor do que eu tinha e então em 2009 eu ganhei a minha segunda camera, um presente da minha mãe. Com essa, as fotos começaram a ficar melhores e eu fui-me aperfeiçoando... Mas, como em tudo eu evolui, os sonhos também. Novamente comecei a juntar para ter uma camera de acordo com o que eu precisava, como eu não tinha condições de ir mais além, em 2011 eu realizei um grande sonho, comprei minha primeira semi-profissional. Não consigo descrever a emoção que senti quando abri aquela pequena caixa, mal sabia por onde começar a mexer. Só bastou eu tirar a minha primeira foto e depois tudo começou a fluir melhor, a camera e eu, agora éramos uma dupla inseparável. Esta é minha companheira até hoje, quem me ensinou muito sobre fotografia e que já fez milhares de registos de momentos inesquecíveis. Mas, para quem pensa que eu parei por aqui, está enganado. Desde que comprei a minha terceira camera eu venho a economizar para finalmente ter a minha profissional e a dos meus sonhos é essa. Por fim, pra mim fotografar é refugiar-me num mundo que eu posso voltar a qualquer momento, que eu posso matar as saudades, que eu me posso encontrar comigo mesma e que me permita estar em paz com tudo ao meu redor. Fotografia não é uma distracção, é uma paixão, um dom, é parte de mim.

Texto e Foto: Juliana Bastos
Data: 10/03/2014

7 de março de 2014

Sintra a Noite (Inverno)


Sintra, Portugal, na minha opinião uma das maravilhas mundiais, é muito mais que uma localidade, é um poço histórico sem fundo, fora isso é considerada por muitos a capital do romantismo, através de algumas fotos é fácil de perceber o porque de tal afirmação. Para mim Sintra tem ainda mais encanto a noite. As diferenciadas luzes presentes em Sintra são o melhor guia turístico que se pode ter, as mesmas guiam-nos pelos recantos, becos, monumentos, restaurantes, fontes, estatuas, arquitectura, natureza e afins. Sintra é acima de tudo cinematográfica, é uma modelo polivalente, umas vezes ousada e noutras reservada, só se dando a conhecer aqueles que possuem paciência para a conquistar, (in)felizmente eu possuo não só a paciência como também o tempo livre para a conquistar. O projecto “Sintra a noite” traduz-se num conjunto de fotos de vários pontos de interesse sempre a noite e pelas diversas estações do ano. Optei por começar pelo Inverno onde as diversas luzes se difundem no extenso nevoeiro que cobre a vila durante as noites gélidas de Inverno. Levei comigo o meu assistente e melhor amigo David Fernandes, um tripé com estabilização para prevenis oscilações causadas pelo vento, um comando remoto, chapéus-de-chuva, impermeáveis e calçado apropriado (antiderrapante). A chuva miudinha acompanhou-nos durante todo o percurso que optamos por fazer. Depois de diversos arrastamentos de luz e várias exposições e já satisfeito com os resultamos fizemos rumo a casa. Já em casa, fotos passadas para o computador dei início a pós produção utilizando as várias fotos e aproveitando os diferenciados arrastamentos. Agora é só esperar que comece as noites de Primavera.

Texto e foto enviado por: Luís Chaveiro
8/03/2014

A fotografia, antes de tudo é um testemunho. Quando se aponta a câmara para algum objecto ou sujeito, constrói-se um significado, faz-se uma escolha, selecciona-se um tema e conta-se uma história, cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-las.

6 de março de 2014

Fotografia, o seu significado!


Mais do que qualquer língua falada e ou escrita, a fotografia é uma linguagem universal. Se vires a foto de capa de uma revista, num golpe de vista já sabes, em parte, do que se trata a matéria e os assuntos tratados na revista independente da língua em que está escrita. A fotografia é um produto pós industrial, uma superfície que carrega uma informação e pretende representar algo, geralmente algo que se encontra presente no espaço e no tempo, onde através de ferramentas como a imaginação e a maquina fotográfica, conseguimos abstrair duas das quatro dimensões, e fazer com que se conservem apenas as dimensões do plano, a isso damos o nome de imagem. Desta forma, a fotografia é um processo que nos permite criar e recriar imagens do mundo, imprimindo a elas uma intenção muitas vezes inconsciente e que chamamos de visão, a intenção e visão de um fotografo quando usada com espontaneidade está directamente relacionada à sua vivência, experiências e conhecimentos adquiridos ao longo da vida, por esse motivo a fotografia feita por um fotografo difere da mesma fotografia feita por outro! E essa diversidade de visões diferentes, muitas vezes sobre um mesmo tema é o que torna o acto de fotografar tão fascinante e inesgotável, visto que tudo, absolutamente tudo que está presente no mundo é de certa forma fotografavel e em muitas culturas a fotografia esta tão relacionada ao ser humano, que não possuir fotografias da infância, juventude e fase adulta, além de ser quase impossível, pode ser interpretado como uma falta de memória e/ou de pouca importância com a vida. A fotografia é um registo e um documento incontestável de que algo realmente aconteceu, isso é preocupante quando fotos adquirem uma importância maior do que o acontecimento que deu origem a fotografia. Para o idolatra a fotografia substitui os eventos por cenas, e nesta busca por cenas passa a ser um operário das cameras, aquele que aperta o gatilho compulsivamente e quer reter o mundo na sua camera, esquece-se que mais importante que as fotos, são os eventos que dão origem a elas! A camera então passa a ser um jogo, onde cada vez mais vamos dominando os controles, como tudo no mundo é fotografavel, fotografar num jogo onde o objectivo principal parece ser o de esgotar o jogo e suas possibilidades, a cada foto aumentamos as realizações e diminuímos as possibilidades.

4 de março de 2014

Fotografia por Livio Soares

A fotografia fez com que eu passasse a exercer com mais capricho o sentido da visão. Com a fotografia, aprendi a reparar tanto em minúcias quanto em vastas paisagens; passei a descobrir meu quarto, minha casa, a cidade. Quanta variedade e fartura pode haver em meio metro quadrado...
A fotografia me possibilitou vivenciar de modo muito forte crenças que eu vinha mantendo há muito tempo. Pensamentos como o de que a beleza está bem aqui do lado, de que não é preciso ir longe para buscá-la; pensamentos de que a maior das trivialidades pode ser vista de uma forma rica...
Antes da fotografia, minha visão era voltada quase que exclusivamente para o interior. Depois dela, passei a me voltar também para o exterior. Meu interior gostou. Por intermédio da fotografia, ampliei-me. Ainda que tarde, percebi, por exemplo, que por aqui os céus de agosto quase não contêm nuvens. Quando contêm, elas são na maioria das vezes descabeladas.
O que tanto me fascina na fotografia não é nem tanto sua capacidade para imobilizar um instante (embora isso também me fascine), mas o poder que ela tem de silenciar as coisas. Drummond, em referência à poesia, mencionou seu “poder de silêncio”. Pego emprestada a expressão do poeta e a aplico também à fotografia. Ela tem poder de silêncio, fala por intermédio do silêncio. Imagem imóvel, silenciosa. Eloqüente.
Cada instante pode ser valorizado. É preciso saber olhar. Questão, mesmo, de ponto de vista. Noutras palavras, cada instante mereceria uma fotografia.
A foto ideal seria uma espécie de junção de todas as fotografias de todos os instantes de todas as pessoas. O fotógrafo tem de se contentar com fatias, com pequenas imensidões. Para a foto total, a união das fotos de todos os lugares, exibindo o que há aqui e o que há fora da Terra. Ainda assim, a foto ideal não estaria pronta, pois se há fotografia houve alguém por trás da câmera. E quantos momentos não são registrados porque não há ninguém por perto... Além do mais, seriam necessárias fotos dos fotógrafos tirando fotos.
A foto ideal não perderia um só segundo de ninguém nem de nada. Esse instante dessa hipotética foto não teria um antes nem um depois; não deixaria nada de fora, de modo que tudo quanto há, houve ou haverá estaria registrado. A foto ideal seria o mais abrangente silêncio. Seria ao mesmo tempo engraçada, triste, bela, feia e plena de tantas outras coisas que ainda não foram nomeadas. A foto ideal mostraria o micro e o macro, o lado de dentro e o lado de fora, o em cima e o embaixo, a esquerda e a direita. Exibiria vidas de outros lugares, estrelas, luas, minhocas, canetas, urubus ou neve.
Uma foto vive em estado de agora. Esse estado, numa foto ideal, seria bem maior do que o durar de um clique.
A foto ideal traria terremotos, morte de galáxias e cortes nos dedos. Conteria ônibus, pergaminhos, rituais e computadores. Haveria nela shows de rock, cenas de amor e de tédio, o inusitado e o trivial. Teria de ter desertos e inundações.
Quais seriam as cores dessa foto? Cor de luz ou cor de breu? Mistura dos dois? Seria preto-e-branco ou colorida? Ela se pareceria com o quê? Reconheceríamos nela o ser humano?
Somos limitados. É por isso que a foto, para nós, ideal, é a deste instante. Fotografemos.

Texto: Livio Soares (Fotografia e Literatura)
4/03/2014

3 de março de 2014

Portugal, o meu primeiro destino!

Portugal Lusitano! Terras de cantos e encantos, terras quentes e frias, sol e chuva, Verão e Inverno. Tudo isto é uma simples forma de dizer que Portugal tem “tudo” e de “tudo”. É rico em lugares bonitos de se ver e fortemente recomendável tanto fora como dentro do país. Esta pequena crónica vem em sequência de um acontecimento familiar que se passou a semana passada, com o facto de membros da minha família terem escolhido um país (que não é Portugal) para se descontraírem numa semana de férias. Sim ok..., eu entendo que o clima este Inverno não tem ajudado ao Turismo português, chuva e frio, humidade, enfim... um número infinito de razões que levam muitos portugueses a escolher locais mais quentinhos e solarengos. Mas, como sou um gajo que gosta de ir para fora cá dentro, gostaria de incentivar todos a fazerem mini-férias em Portugal continental e/ou nas ilhas! Amigos, temos locais lindíssimos que podemos visitar, conhecer. Gastronomia escandalosamente boa e apetitosa. Já dei ao longo de dois meses razões suficientes para se escolher Portugal como primeiro destino. O turismo retrógrado e insuficiente e até talvez limitado já lá vai… Hoje temos excelentes pousadas, excelentes hotéis e casas de dormida, preços para todas as carteiras, e eu até sou daqueles que paga pouco mais de 30€ por noite e sempre fui bem servido. Basta ter vontade e curiosidade de experimentar. De norte a sul do país podemos nos perder em escolhas. Se os outros têm Sol, nós também temos. Se lá fora há neve, nós também a temos! Temos gastronomia invejável, vinho de chorar e beber mais… Escolham fazer turismo em Portugal. Conheçam a vossa terra, as pessoas, os lugares, os cheiros e as vistas. Visitem Portugal.

Texto: Joel de Sousa Carvalho (Fundador Cantinhos de Portugal)
Data: 2/03/2014